Documentário: “Quem tem medo? É tudo verdade.”
O longa situa o seu público de como os ataques à cultura não ocorreram de forma espontânea ou genuína, mas sim a partir de uma operação orquestrada de desmonte da cultura, que nos últimos anos é um campo de disputa política. Os ataques pessoais e coletivos, além da censura institucional aos espetáculos, shows e performances que fizeram parte do documentário, são algumas das características da mencionada disputa política sobre as artes e que também encontra-se descrita no recente artigo “Políticas culturais e seus agentes no Brasil de tempos sombrios: 2016-2022” de Antonio Albino Canelas Rubim, Gleise Cristiane Ferreira de Oliveira e Tony Teófilo (2). No artigo, os autores dissecam os atos institucionais, travestidos de legalidade, e que culminaram numa atuação impositiva de culturas autoritárias, como, por exemplo: a dissolução do Ministério da Cultura e o retorno às três tristes tradições da gestão cultural no Brasil, quais sejam, a ausência de políticas culturais, o autoritarismo e a instabilidade das gestões culturais.
Sendo assim, o documentário e o artigo supramencionados dialogam e traçam um perfil da atuação política da extrema direita em franco ataque a liberdade de expressão artística e à independência da produção cultural no país desde o impeachment e a ascensão da extrema direita ao poder.
Pedro Paulo Rodriguez Guisande Silva
(1) Quem tem medo? É tudo verdade, Daniel Pech, Sala de Arte Cinema do Museu, 09 de abr. de 2022, 71 minutos. Acesso em 31 de ago. de 2022. Direção: LIMA, Delani, ZANONI, Henrique, ALVES JR., Ricardo.
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